
O Presídio de Eunápolis, inaugurado há mais de 12 anos e com capacidade para 456 detentos, enfrenta recorrentes problemas de segurança. Nos últimos três anos, 36 presos fugiram da unidade, sendo a última fuga em massa registrada na noite de quinta-feira (12). Na ocasião, homens armados com fuzis invadiram o presídio e resgataram 16 internos. Durante o ataque, apenas três policiais militares e três agentes de disciplina, que não utilizam armamento de fogo, estavam no local.
FUGA EM MASSA ESCANCARA PROBLEMAS ESTRUTURAIS
O presídio é classificado como de segurança média e opera sob cogestão do governo da Bahia com a empresa privada Reviver, que recebe cerca de R$ 3 milhões mensais para a administração da unidade. Apesar disso, a estrutura apresenta fragilidades, como a ausência de muralhas e o baixo efetivo policial, problemas frequentemente denunciados, mas nunca solucionados. Além disso, a Secretaria de Segurança Pública recebeu denúncia sobre uma construção irregular em área do estado próxima ao presídio, que pode servir como ponto de observação para criminosos e aumentar a vulnerabilidade da unidade.
Além dos problemas estruturais, a reportagem constatou que a sede da empresa Reviver, localizada no bairro Santa Lúcia, funciona apenas como uma residência. A empresa administra ainda outras três penitenciárias no estado, localizadas em Juazeiro, Valença e Serrinha.
HISTÓRICO DE FUGAS REVELA PADRÃO DE VULNERABILIDADE
O ataque da semana passada foi considerado “inédito” pelo presidente da empresa Reviver, Odair Conceição, devido à violência empregada. No entanto, fugas similares já ocorreram no Complexo Penal. Em 2016, um grupo armado resgatou o detento Francisco José da Costa Filho, integrante da extinta Quadrilha dos Paulistas, em ação semelhante, utilizando dois carros para invadir a unidade.
Nos últimos três anos, outros episódios evidenciam as fragilidades do sistema. Em dezembro de 2022, dois presos escaparam, incluindo Uilian da Silva Guimarães, conhecido como Gordura, condenado pelo assassinato de um policial militar em 2015 e listado no Baralho do Crime como Dama de Ouro. Em fevereiro de 2022, sete internos fugiram ao pular o alambrado que cerca o presídio. Entre os fugitivos estava Jackson Borges da Silva, o Mosquitão, que só foi recapturado em outubro, após troca de tiros com a polícia no distrito de Caraíva.
AFSTAMENTO DE GESTORES APÓS A FUGA
Após o resgate dos 16 detentos, o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, José Castro, afastou por 30 dias a diretora da unidade, Joneuma Neres, que estava no cargo há quase nove meses, além do diretor-adjunto e do coordenador de segurança. Segundo Castro, o afastamento visa garantir imparcialidade nas investigações.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública e a Reviver não se manifestaram sobre as denúncias. Assim que houver retorno, novas informações serão divulgadas.